domingo, 1 de novembro de 2020

50 INFORMAÇÕES RELEVANTES E CURIOSAS SOBRE O ESPIRITISMO


O espiritismo é um conjunto de práticas, princípios e doutrinas que consideram o ser humano um ser imortal que alterna vivências e experiências no mundo material e no espiritual. Os seguidores do espiritismo acreditam na comunicação entre os vivos e os mortos e na doutrina da reencarnação.

 

A reencarnação é pregada e aceita por religiões como o jainismo, o budismo, o hinduísmo e algumas correntes do cristianismo. Muitos acreditam que os mortos reencarnam com o propósito de evoluir espiritualmente.

 

Povos da antiguidade como celtas e gregos costumavam “consultar” os mortos. Há, inclusive, uma passagem na obra de Homero em que o herói Ulisses consulta a alma de sua mãe.

 

O termo espiritismo é um neologismo criado pelo francês Hippolyte Léon Denizard Rivail (1804-1869), mais conhecido como Allan Kardec.

 

Segundo consta, Hippolyte Rivail começou a frequentar as reuniões espíritas por curiosidade. Mas em uma delas, um médium disse que ele foi um celta chamado Allan Kardec e que deveria reunir os ensinamentos e conclusões dos últimos séculos numa doutrina que propagasse as ideias de Cristo e trouxesse alívio para a humanidade. O evento mudou para sempre sua vida, levando-o a reunir os ensinamentos espíritas no Livro dos Espíritos.

 

O pedagogo e escritor Hippolyte Rivail adotou o pseudônimo de Allan Kardec também com o objetivo de diferenciar suas obras espíritas de seus trabalhos pedagógicos.

 

Allan Kardec afirmava que não escrevia livros espíritas, ele apenas “os codificava”.  

 

Os princípios do espiritismo foram reunidos por Allan Kardec em cinco obras: O Livro dos Espíritos (que foi escrito em 1857), O Livro dos Médiuns (1859), O Evangelho Segundo o Espiritismo (1863), O Céu e o Inferno (1865) e A Gênese (1868).

 

O fato é que Hippolyte Rivail escreveu livros de aritmética e gramática, além de programas de cursos de física, química, medicina e até astronomia.

 

O Livro dos Espíritos foi publicado por Allan Kardec pela primeira vez na França em 18 de abril de 1857.

 

Allan Kardec consultou cerca de 10 médiuns para escrever e revisar O Livro dos Espíritos.

 

Os seguidores da doutrina revelada por Allan Kardec são chamados de kardecistas.

 

O túmulo de Allan Kardec é um dos mais visitados do cemitério Père Lachaise, em Paris. O Père Lachaise é famoso pela quantidade de celebridades sepultadas: Fredéric Chopin, Maria Callas, Edith Piaf, Marcel Proust, Amedeo Modigliani, Sarah Bernhardt, Oscar Wilde, Honoré de Balzac, Jim Morrison… A maior parte dos turistas que visita o túmulo de Kardec é brasileira.

 

O espiritismo nega o dogma da divindade de Jesus e aceita o seu caráter humano, o que tem provocado uma longa rejeição da parte de muitos cristãos, além de um severo atrito com a igreja católica. Livros espíritas chegaram a ser queimados em praça pública.

 

O espiritismo chegou ao Brasil em 1860, sofrendo desde já grande preconceito. Só para se ter uma ideia, o Código Penal de 1890 classificava-o como crime. Os primeiros centros espíritas surgiram apenas em 1865.

 

Existe no Brasil uma cidade fundada exclusivamente por espíritas (ela cresceu a partir de um centro espírita). É a cidade de Palmelo, no estado de Goiás, a 58 quilômetros de Goiânia e com população atual de 2.500 habitantes.

 

Apesar da pátria-mãe do espiritismo ser a França, é no Brasil que a doutrina tem o maior número de adeptos. São 2,5 milhões de seguidores e outros milhões de simpatizantes.

 

Um dos maiores divulgadores da doutrina espírita no Brasil foi o médico, militar, escritor, jornalista e político Bezerra de Menezes, que começou a divulgar o espiritismo pouco tempo depois da publicação da obra de Allan Kardec em português.

 

O mais famosos médium do Brasil foi Francisco Cândido Xavier, nascido em Uberaba (MG) em 2 de abril de 1910 e falecido (“desencarnado”, para os espíritas) em 30 de junho de 2002. A suposta mediunidade de Chico começou a se manifestar quando ele tinha apenas quatro anos de idade.

 

A mãe de Chico Xavier faleceu quando ele era um garoto de cinco anos. Pouco tempo após a morte, ele começou a “se comunicar” com o espírito da mãe. Foi uma época de sofrimento para o menino Chico, que estava sendo criado pela madrinha, que o castigava muito.

 

Com o novo casamento do pai, Chico e seus oito irmãos (que foram separados depois da morte da mãe) voltaram a morar juntos. A madrasta se prontificou a cuidar deles e Chico voltou a estudar.

 

A mediunidade trouxe sérios problemas para o jovem Chico. Ele virou motivo de acusações e chacotas na escola. Seu pai cogitou em interná-lo.

 

Francisco iniciou os estudos do espiritismo aos 17 anos de idade. Segundo seus biógrafos, o espírito da mãe o teria aconselhado a ler a obra de Allan Kardec. Na mesma época, iniciou-se na prática da psicografia.

 

O primeiro contato com o espírito Emmanuel ocorreu em 1931, quando Chico era um jovem de 21 anos.

 

Alguns pesquisadores acreditam que o espírito André Luiz é o médico e sanitarista Carlos Chagas, descobridor da doença de Chagas e morto aos 55 anos, vítima de infarto. Há quem acredite, porém, que André Luiz seja o neurologista Faustino Esposel, falecido com 43 anos.

 

Em 1932, então com 22 anos, Chico Xavier lançou o livro Parnaso de Além-Túmulo, com poemas “psicografados” de grandes nomes da poesia brasileira. A primeira edição trazia apenas 60 poemas, que foram aumentando ao longo do tempo. Com a última edição, a quantidade de poemas saltou para 259.

 

Um dos autores brasileiros psicografados por Chico Xavier foi Humberto de Campos. Foram 12 obras de contos e crônicas escritas em nome do escritor maranhense. O curioso é que a família de Humberto de Campos entrou com um processo contra a Federação Espírita Brasileira reivindicando direitos autorais das obras.

 

Em 1958, um sobrinho de Chico Xavier chamado Amauri Pena acusou o tio de charlatanismo. Ele mesmo, que afirmava possuir mediunidade, negou ser um médium e tentou atingir diretamente Chico Xavier. Arrependido e com sérios problemas com o álcool, Amauri foi internado num hospital psiquiátrico em São Paulo, onde faleceu.

 

A obra mais vendida de Chico Xavier é o livro Nosso Lar, com mais de 1 milhão de exemplares.

 

Chico Xavier é um dos brasileiros mais traduzidos no exterior. Seus livros foram vertidos para mais de 50 idiomas, como inglês, francês, espanhol, alemão, árabe e até esperanto.

 

Chico Xavier teve, ao longo do tempo, diversos problemas de saúde: catarata, labirintite, hérnia de disco, angina e problemas de próstata. Mesmo assim, manteve-se na ativa durante toda a vida.

 

Chico Xavier recebeu mais de 100 títulos de cidadania ao longo da vida. Também foi eleito cidadão de Uberaba e escolhido um dos principais cidadãos mineiros do século XX.

 

Chico dizia que queria morrer em um dia “em que o Brasil estivesse” feliz. Pois foi justamente o que aconteceu. Chico Xavier “desencarnou” no dia 30 de junho de 2002, quando o Brasil se consagrava campeão mundial pela Copa do Mundo da Coréia do Sul/Japão.

 

A produção Chico Xavier, o Filme estreou no dia em que Chico, se estivesse vivo, completaria 100 anos.

 

O filme Nosso Lar foi a produção mais cara do cinema brasileiro, com orçamento de R$ 20 milhões. Só na primeira semana de exibição, Nosso Lar foi visto por mais de 1 milhão de pessoas.

 

Segundo a FEB, Chico Xavier escreveu (ou psicografou, para os adeptos do espiritismo), mais de 400 livros e arrecadou R$ 300 milhões com suas obras. Chico, porém, não recebeu praticamente nada de direitos autorais. O dinheiro foi usado em obras de caridade.

 

Um dos escritores espíritas que maior sucesso atualmente é a paulista Zíbia Gasparetto, autoras dos clássicos O Amor Venceu e Laços Eternos. Só Laços Eternos vendeu cerca de 1 milhão de exemplares

 

Zíbia Gasparetto é mãe do famoso médium Luiz Antônio Gasparetto. Ele é conhecido por “incorporar” artistas plásticos famosos e pintar quadros atribuídos a eles. Entre os pintores que ele afirma incorporar estão Picasso, Modigliani, Renoir, Rembrandt e Monet.

 

As cirurgias espirituais são muito populares no Brasil. Um dos mais famosos médiuns cirurgiões foi o mineiro José Pedro de Freitas (1822-1971), mais conhecido como Zé Arigó. O espírito que ele afirmava incorporar era o do médico alemão Aldolph Fritz, supostamente morto na época da I Guerra Mundial.

 

Zé Arigó chegava a receber por volta de 200 pessoas por dia na clínica que fundou na cidade de Congonhas, em Minas Gerais. Grande parte desses “pacientes”  afirmaram ter sido curados por Arigó.

 

Acusado de curandeirismo pela Associação Médica de Minas Gerais, Arigó foi condenado a 15 meses de prisão. Graças a um indulto recebido do ex-presidente Juscelino Kubistcheck, o médium sequer chegou a ser preso.

 

Assim como muitos médiuns que realizam as chamadas cirurgias espirituais, Zé Arigó utilizava bisturis, canivetes e outros utensílios e operava as pessoas que recebia sem a utilização de anestesia.

 

Zé Arigó não foi o único a “receber” o suposto espírito de Dr. Fritz. Vários médiuns afirmaram incorporar o médico alemão, entre os quais Edivaldo Wilde, Maurício Magalhães, Rubens Farias Júnior e Edson Queiroz.

 

Realizados por médiuns, os tratamentos espirituais não são feitos apenas com bisturi e outros instrumentos cortantes. Existem, na verdade, diversos tipos de tratamento: por passes, com “água fluidificada”  (segundo a crença, é água com depósito de fluidos espirituais benéficos), apometria (através do qual, afirmam seus adeptos, a pessoa é tratada no mundo espiritual) e homeopatia. Os mais populares são os passes e o receituário homeopático.

 

O passe consiste na imposição das mãos feitas pelo médium. Na crença espírita, o passista (a pessoa que faz a imposição) teria o poder de canalizar “fluidos” ou “energias” benéficos para o recebedor.

 

O termo espiritismo foi amplamente adotado por umbandistas e praticantes de outras religiões afro-brasileiras. A própria Federação Espírita Brasileira chegou a declarar que os umbandistas realmente são espíritos.

 

De fato, existem mais semelhanças do que diferenças entre a doutrina espírita e o umbandismo. São elas: a comunicação dos mortos com os vivos, a evolução do espírito através da reencarnação e a prática da caridade.

 

Convertido ao espiritismo, o escritor Arthur Conan Doyle dedicou os últimos anos de sua vida à religião. Além de escrever em defesa da doutrina espírita, Conan Doyle dava palestras sobre o assunto. A conversão do criador de Sherlock Holmes foi motivada pela perda traumática de um parente querido.

 

Victor Hugo conheceu o espiritismo na década de 1850. O escritor e poeta francês participou de sessões espíritas em que eram recebidas mensagens de pessoas famosas e personalidades da cultura como Moliére e Shakespeare. Mais tarde, Hugo escreveria o livro Conversando com a Eternidade, em que relata seu conhecimento e suas experiências no espiritismo.

 

Ao perder a filha e a neta ainda muito jovens, Tarsila do Amaral, um ícone do modernismo brasileiro, foi buscar amparo no espiritismo. A dor e a depressão causadas pela morte de ambas só foram vencidas graças ao apoio e as palavras de conforto do médium Chico Xavier.

 

A cantora Edith Piaf, eterno mito da música francesa, também se tornou adepta do espiritismo pelo mesmo motivo: a perda de uma pessoa querida. 

 

Os seguidores do espiritismo acreditam em vida fora da Terra, especialmente em outros planetas.

Nenhum comentário:

Postar um comentário