Hans Staden foi um explorador alemão que esteve duas vezes no Brasil no início do período colonial. Capturado pelos índios tupinambás, ele descreveu como eram os hábitos de vida da tribo, bem como os seus rituais de canibalismo. Prática tão antiga quanto a humanidade, o canibalismo foi praticado por diversos povos. Percorras as linhas a seguir e descubra algumas curiosidades sobre esse assunto.
A maioria dos canibais, inclusive tribos que incluíam seres humanos em seu cardápio, relataram que a carne humana possui sabor idêntico à carne de porco. Sabe-se, no entanto, que o sabor pode variar de acordo com o gênero, a idade, a parte do corpo e o método de cozimento.
Pesquisas realizadas com um tribo de Papua Nova Guiné que praticava há muito o canibalismo revelou a incidência de uma doença conhecida como kuru. Trata-se de uma moléstia que se propaga pela ingestão de carne humana, sendo provavelmente causada por um príon.
O kuru é uma doença em muitos aspectos parecido com a doença da vaca louca. Apresenta sintomas como tremores, incapacidade de engolir, riso histérico e fala arrastada. É degenerativa e incurável. Detalhe: ele é causado pela ingestão do cérebro humano.
Chamada de Fore, a tribo de Pápua Nova Guiné onde o kuru é comum, costuma não apenas comer o cérebro do morto, mas os músculos e até o tutano humano. Detalhe: ele é consumido de forma ritual. Os seus integrantes acreditavam que era a única maneira de manter as almas dos mortos por perto.
Existem vários tipos de canibalismo, sendo os mais conhecidos o endocanibalismo e o exocanibalismo. O primeiro é quando a carne consumida é de membros do próprio grupo, como no caso do povo Fore. O segundo, por sua vez, significa comer a carne de pessoas de outras tribos.
Os órgãos mais visados pelos praticantes do exocanibalismo são o cérebro, o coração e as pernas. Acredita-se que a ingestão da carne dos guerreiros inimigos é benéfica para obter o conhecimento, coragem e agilidade do morto. O consumo do cérebro, por exemplo, seria útil para obter o conhecimento do inimigo a quem o consumi-lo.
Existe ainda o autocanibalismo, quando uma pessoa morde partes do corpo (unhas, cutículas, bochechas e pele solta) e as engole. Em casos extremos, as pessoas tem pedaços do corpo cortados e acaba engolindo-os, como aconteceu com um homem negro norte-americano no início do século XX. Claude Neal, a vítima, foi atacado por um grupo de supremacistas brancos que removeram seus testículos e o obrigaram a comê-los.
Um dos grupos canibais mais famosos eram os astecas. Eles costumavam realizar sacrifícios rituais e comer parte da carne dos mortos. Por sinal, os sacrifícios humanos eram comuns entre esse povo. Acredita-se que chegavam a sacrificar em torno de 40 pessoas por dia.
O exocanibalismo era comum entre algumas tribos brasileiras. Entre os grupos que praticavam esse tipo de canibalismo na época da chegada dos primeiros europeus estão os tupiniquins, aimorés, potiguares, goytacás e tamoios.
Muitas tribos praticavam uma espécie de “ritual de engorda” com a vítima. Ela permanecia em cativeiro e era alimentada com frequência até engordar e pronta para o “abate”. Costumavam ser mortas a golpes de tacape. O corpo era esquartejado, com o detalhe de que a mulheres ficavam com a cabeça e os órgãos internos, e os homens, com o que sobrava.
Conta-se que os tupis realizavam cerimônias de canibalismo com a presença de até 2 mil pessoas. O corpo da vítima era esquartejado e assado numa grelha feita de madeira. Os convidados, entre homens, mulher e crianças comiam pequenos pedaços e se não havia carne suficiente, eles preparavam um ensopado com pés, mãos e tripas.
Entre as raras tribos brasileiras que ainda praticam o canibalismo estão os yanomâmis. Eles comem as cinzas dos mortos misturadas com outros alimentos.
Um dos casos mais famosos de canibalismo de sobrevivência, quando uma pessoa em situação extrema come a carne de outra para sobreviver, ocorreu na Cordilheira dos Andes, em 1972. Um avião com um time de rugby caiu nas montanhas cobertas de neve e, sem alimentos ou qualquer perspectivas de resgate, os sobreviventes comeram partes da carne dos mortos. A carne congelada ajudou-os a sobreviver por 72 dias até serem resgatados.
Um dos mais cruéis assassinos em série da história foi o russo Andrei Chikatilo. Ele confessou ter matado ao menos 53 pessoas entre 1978 e 1990, todas com requintes de crueldade. As vítimas tinham os testículos ou seios arrancados. Os olhos eram também arrancados para para que elas “não vissem” o seu ato. Chikatilo comia partes dos corpos, como a língua e os testículos. Foi preso e condenado à morte durante os anos 1990.
O canibalismo é mais comum do que se pensa no reino animal. Aranhas como a viúva-negra, por exemplo, costumam se alimentar do macho depois da cópula. Leões comem os filhotes de outros machos para depois procriar com a fêmea. Nenhuma forma de canibalismo no reino animal, no entanto, é mais bizarra do que a do tubarão-tigre, quando dois filhotes brigam na barriga da mãe e o vencedor acaba comendo o outro antes de nascer.
Fontes: Wikipédia, Facts Legends, Guia dos Curiosos, Mega Curioso, G1.
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