Em junho de 2010, morreu na Ilha de Lanzarote, o escritor português José Saramago. Tido como um autor polêmico, Saramago foi um dos mais importantes homens de letras da língua portuguesa do século XX e, talvez, de toda a história. Nas linhas a seguir, você poderá conferir alguns detalhes sobre a sua vida e obra.
O nome verdadeiro do escritor português José Saramago é José de Sousa Saramago.
José Saramago nasceu em Azinhaga em 16 de novembro de 1922 e faleceu na Ilha de Lanzarote (que faz parte das Ilhas Canárias) no dia 18 de junho de 2010.
Além de escritor, José Saramago era jornalista, dramaturgo e poeta.
Além de vencer o Prêmio Camões, considerado o mais importante da língua portuguesa, Saramago ganhou o prêmio Nobel de literatura.
Saramago não era apenas um comunista declarado, era um ateu convicto. Ele foi membro do Partido Comunista Português.
Seu primeiro emprego foi de serralheiro mecânico. Assim como o brasileiro Carlos Drummond de Andrade, Saramago trabalhou durante muito tempo como funcionário público.
Terra do Pecado, o primeiro livro de Saramago, foi publicado quando ele tinha apenas 25 anos.
Rejeitado pelos editores, o segundo livro, chamado Claraboia, permanece inédito até hoje.
Após Terra do Pecado, Saramago só viria a publicar outro romance 30 anos depois. Terra do Pecado saiu em 1947 e Manual de Pintura e Caligrafia, em 1977.
O estilo literário de Saramago é único na língua portuguesa. Quer um exemplo? Ele praticamente não usa travessões nos diálogos.
O escritor foi acusado de anti-semitismo por declarar em uma entrevista a um jornal brasileiro que “os judeus não merecem a simpatia pelo sofrimento por que passaram durante o holocausto”. Na verdade, Saramago tentou criticar a posição de Israel no conflito israelense-palestino.
Ele também foi duramente criticado pela direita norte-americana quando ganhou o prêmio Nobel de literatura, talvez por seu ateísmo e suas posições políticas de esquerda.
Saramago foi um grande crítico do Papa Bento XVI na época em que este respondia apenas por cardeal Joseph Ratzinger.
Sua mudança de Portugal para as Ilhas Canárias ocorreu, pelo menos em grande parte, por causa das críticas ao livro O Evangelho Segundo Jesus Cristo.
Pouca gente deve saber, mas José Saramago quase migrou para o Brasil nos anos 60.
Os livros de José Saramago publicados no Brasil são: "O Ano da Morte de Ricardo Reis" (1988), "A Jangada de Pedra" (1988), "História do Cerco de Lisboa (1989), "O Evangelho Segundo Jesus Cristo" (1991), “Manual de Pintura e Caligrafia” (1992), "In Nomine Dei" (1993), “Objecto Quase” (1994), "Ensaio sobre a Cegueira" (1995), "A Bagagem do Viajante (1996),"Memorial do Convento" (1996), "Cadernos de Lanzarote" (1997), "Todos os Nomes" (1997), "Viagem a Portugal" (1997), "Que Farei com Este Livro?" (1998), "O Conto da Ilha Desconhecida" (1998), "Cadernos de Lanzarote II" (1999), "A Caverna" (2000), "A Maior Flor do Mundo" (2001), "O Homem Duplicado" (2002), "Ensaio sobre a Lucidez" (2004), "As Intermitências da Morte" (2005), "Don Giovanni ou o Dissoluto Absolvido" (2005), "A Jangada de Pedra" (2006, edição de bolso), "As Pequenas Memórias" (2006),"A Viagem do Elefante" (2 008), "O Caderno" (2009) e "Caim" (2009).
Confira abaixo algumas citações de José Saramago:
Só se nos detivermos a pensar nas pequenas coisas chegaremos a compreender as grandes.
Os escritores e artistas trabalham nas trevas e, como cegos, tateiam na escuridão.
Todos sabemos que cada dia que nasce é o primeiro para uns e será o último para outros e que, para a maioria, é só um dia mais.
Tolerar a existência do outro e permitir que ele seja diferente ainda é muito pouco. Quando se tolera, apenas se concede, e essa não é uma relação de igualdade, mas de superioridade de um sobre o outro.
O que realmente nos separa dos animais é a nossa capacidade de esperança.
Aprendi a não tentar convencer ninguém. O trabalho de convencer é uma falta de respeito, é uma tentativa de colonização do outro.
Se tens um coração de ferro, bom proveito. O meu, fizeram-no de carne, e sangra todo dia.
A carne é fraca e os políticos são feitos de carne. No momento em que o cidadão renuncia a intervir na vida política do país, o poder real escapa-lhe das mãos.
Fisicamente, habitamos um espaço, mas, sentimentalmente, somos habitados por uma memória.
Não tenhamos pressa, mas não percamos tempo.
Independência absoluta não existe. Vivemos numa sociedade de interdependências que se expandem em progressão geométrica.
O único progresso verdadeiro é o progresso moral. O resto é simplesmente ter mais ou menos bens.
Se podes olhar, vê. Se podes ver, repara.
O que as vitórias têm de mau é que não são definitivas. O que as derrotas têm de bom é que também não são definitivas.
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