Um dos fatos mais comentados de 1967 foi a morte de Humberto de Alencar Castelo Branco num acidente aéreo. O ex-presidente morreu meses após deixar o poder. Em seu lugar assumiu, o general linha-dura Arthur da Costa e Silva.
Outro fato que também deu muito o que falar foi a morte do guerrilheiro Che Guevara, na Bolívia. O sonho que Guevara mantinha de levar a Revolução Cubana a outra partes da América Latina foi interrompido em definitivo quando ele foi capturado e morto pelo exército boliviano. O corpo foi exibido como um troféu e enterrado numa vala desconhecida.
A morte da tripulação do programa Apolo I é considerada uma das maiores tragédias da história da corrida espacial. Os três astronautas norte-americanos morreram num incêndio durante um dos testes que os levaria para o espaço.
A chamada Guerra dos Seis Dias foi um conflito armado entre Israel e os países árabes vizinhos. Ela mudou o cenário geopolítico do Oriente Médio. De curta duração, como o próprio nome dá a entender, a guerra terminou com a ocupação israelense da península do Sinai, de Jerusalém Oriental e da Cisjordânia.
Foi na novela Redenção, um grande sucesso de audiência, que ocorreu o primeiro transplante de coração do Brasil. Os autores se inspiraram no feito do médico sul-africano Christian Barnard, que realizou o primeiro transplante do mundo. O paciente morreu de infecção 18 dias depois. Mesmo assim o procedimento mudou a história da medicina. As técnicas de transplantes e o acompanhamento pós-operatório se aperfeiçoaram com o passar dos anos, permitindo a muitas pessoas com problemas cardíacos ter uma sobrevida mais longa.
As donas-de-casa da época lustravam o chão com enceradeiras das marcas Wallita ou Arno. A família assistia TV em aparelhos de marcas como GE e Colorado. Os radiofones estereofônicos Philips eram muito utilizados pelos jovens. Entre as lavadoras de roupa – um luxo para muitas famílias na época –, usava-se bastante a Bendix.
Os fascículos colecionáveis da editora Abril vendiam como água. Um dos mais populares era Medicina e Saúde, sobre o corpo humano. As bancas de jornal vendiam também inúmeras publicações sobre os astros do rádio, da TV e do cinema: Intervalo, Contigo, Revista do Rádio, Sétimo Céu e TV Cinelândia. Publicações como Cláudia, Capricho e Quatro Rodas já eram veteranas das bancas nessa época.
As revistas de celebridades costumavam estampar em suas capas fotos dos ídolos do movimento musical de maior popularidade da segunda metade dos anos 60: a Jovem Guarda (que, na verdade, surgiu como um programa da TV Record). Eram capas com rapazes e moças bonitos e bem apessoados como Ronnie Von, Jerry Adriani, Roberto Carlos, Wanderley Cardoso (por elas chamado de Wandeco), Erasmo Carlos e Wanderléa (também conhecida como Ternurinha). Ídolos dos festivais de música como Caetano Veloso e Chico Buarque eram também presenã constante nessas capas.
Por falar em Jovem Guarda, um dos hits do verão 1967/1968 foi a música Namoradinha de Um Amigo Meu, de Roberto Carlos. Os jovens vibraram com as músicas dos festivais da canção, como A Banda, de autoria de Chico Buarque e interpretação de Nara Leão. Outro grande sucesso foi Alegria, Alegria, uma música de Caetano Veloso.
Cantores italianos como Rita Pavone, Sergio Endrigo, Nico Fidenco e Peppino Di Capri eram ouvidos à exaustão pelos brasileiros. A mais popular era, sem sombra de dúvida, Rita Pavone.
O ano de 1967 foi essencial para a história do rock. Grandes álbuns foram lançados nesse ano, entre eles Sgt. Pepper´s Lonely Hearts Club Band, um dos melhores trabalhos do The Beatles. Os outros grandes clássicos lançados em 67 foram: Headquarters, do The Monkees; Disraeli Gears, do Cream; The Piper at the Gates of Dawn, do Pink Floyd; The Who Sell Out, do The Who; The Velvet Underground and Nico, do The Velvet Underground; The Doors, do The Doors; Younger Than Yesterday, do The Byrds; Are You Experienced, to The Jimi Hendrix Experience; e, por fim, Axis: Bold as Love, também do The Jimi Hendrix Experience.
Filmes e seriados de faroeste tiveram alta popularidade nos anos 70 e, principalmente, 60. Quase todos os finais de semana entrava em cartaz um filme ambientado no velho oeste norte-americano, como Uma Pistola para Ringo. O detalhe é que nos anos 60 esteve em moda um gênero de filme chamado de faroeste spaghetti, produções de faroeste italianas. Os atores mais conhecidos eram os italianos Giuliano Gemma, Franco Nero, Terence Hill (nome artístico de Mario Girotti), Bud Spencer (ou Carlos Perdesoli) e Claudia Cardinale, além dos norte-americanos Clint Eastwood, Henry Fonda, Charles Bronson, Jack Palance e Yul Brynner.
O programa de TV infantil de melhor prestígio foi Capitão Aza (inicialmente exibido apenas no Rio de Janeiro). Entre os jovens, o programa da moda foi Jovem Guarda. Para os fãs de programas de humor, foi A Família Trapo. Mas, com poucas exceções, todos curtiram os festivais de música popular. A Record exibiu o Festival da Música Popular Brasileira e a Globo, o Festival Internacional da Canção.
Das novelas exibidas em 1967, vale destacar Sangue e Areia, O Homem Proibido, Os Fantoches, A Rainha Louca e Anastácia. Nenhuma delas, no entanto, teve o impacto de Redenção. Exibida pela antiga TV Excelsior, Redenção foi a novela mais longa da história da TV brasileira. Começou em 1966 e terminou em 1968. O elenco contava com Francisco Cuoco, Miriam Mehler, Fernanda Montenegro, Procópio Ferreira, Armando Bogus e Lélia Abramo.
Os seriados exibidos no ano de 1967: O Fugitivo, A Feiticeira, Dick Van Dycke, Bonanza, O Agente da UNCLE e Os Três Patetas.
Como vimos, os modismos de 1967 foram os filmes de faroeste, a música italiana, a Jovem Guarda e os festivais da canção. Mas um modismo um pouco mais duradouro estava começando a ganhar força: a cultura hippie. Inspirados pelos jovens que em 1967 foram às ruas de Nova York, San Francisco, Seattle e outras cidades norte-americanas para protestar contra a Guerra do Vietnã, os hippies brasileiros adotaram um estilo de vida despojado, abraçaram aspectos das religiões orientais, começaram a se preocupar com as questões ambientais e pregaram a igualdade racial, entre outras coisas. O festival de Woodstock, ocorrido em 1969, representa o auge do movimento hippie. Apesar de decadentes nos Estados Unidos a partir de 1970, os hippies foram se tornando cada vez mais populares no Brasil.
Personalidades em evidência em 1967: Twiggy (modelo britânica), Plínio Marcos (dramaturgo brasileiro, elogiado pelas peças Navalha na Carne e Dois Perdidos numa Noite Suja), Aretha Franklin (cantora norte-americana que tomou as paradas da revista Billboard), Francisco Cuoco (ator brasileiro que conquistou o público feminino pela atuação na novela Redenção), Luz del Fuego (bailarina brasileira, uma das precursoras do naturismo no país) e Edu Lobo (compositor brasileiro, vencedor do Festival da MPB da Record com a música Ponteio).
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